Gestão Ágil: Muito mais do que métodos e frameworks, uma cultura
O conceito de Agilidade no desenvolvimento de softwares nasceu muitos antes de fevereiro de 2001, data em que os especialistas da época se reuniram para confeccionar o Manifesto Ágil.
O Manifesto Ágil surgiu da necessidade de melhorar os processos que eram utilizados até o momento, como o modelo “Cascata”. Deste problema, nasceram o XP, o Feature Driven Development (FDD), o Dynamic System Development Method (DSDM), o Scrum, entre outros.
Apesar das muitas histórias que existem sobre fevereiro de 2001, uma coisa é inegável: o Manifesto Ágil representa um marco. Ele é regido pelos seguintes princípios:
- Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas;
- Software em funcionamento mais que documentação abrangente;
- Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos;
- Responder a mudanças mais que seguir o plano;
Perfeito. Todos os problemas foram resolvidos, correto? Há dúvidas. O conceito de entrega de software evoluiu bastante desde fevereiro de 2001. Muitas discussões sobre agilidade, métodos e frameworks foram realizadas, certificações foram criadas, formas de escalar a metodologia Ágil surgiram. Mas boa parte do debate girou em torno dos processos de entrega de software, e não realmente do Ágil.
Como então devemos aplicar o que foi definido no Manifesto Ágil? Será que ler um artigo do tipo “Como ter sucesso na implantação do Scrum” é a melhor abordagem para tratar o tema? Falar que uma empresa é Ágil só porque aplica um método específico é subestimar o que realmente é agilidade. Neste caso, podemos dizer que ela se preocupa em ter software em funcionamento mais rápido, mas não é correto afirmar que ela é realmente Ágil.
Manifesto Ágil: mergulhando a fundo em cada princípio
Pegando o primeiro ponto do Manifesto Ágil, “Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas”, devemos empoderar os indivíduos e tratar os times com suas especificidades. Se falar que um time vai usar método A ou B sem ouvi-lo, sem dar ownership e sem ver a melhor forma que ele trabalhará, você não está aplicando o primeiro princípio. O Management 3.0 (figura ao lado) é um exemplo de como trabalhar o primeiro tema, mas antes de tudo o gestor precisa entender seus times para ver a melhor forma de trabalhar com eles.
Para o segundo ponto, “Software em funcionamento mais que documentação abrangente”. podemos pensar nos métodos/processos/frameworks ágeis, mas “só” ajustar o processo talvez não seja o suficiente. É importante pensar em Cultura DevOps, não é somente colocar Desenvolvedores e Analista de Infraestrutura para trabalharem em conjunto ou colocar os Desenvolvedores para automatizar o processo de instalação. É colocar a empresa para trabalhar e pensar nos 4 eixos de DevOps: Cultura, Automação, Compartilhamento e Avaliação.

O terceiro ponto do Manifesto Ágil talvez seja um dos mais dignos de atenção, pois independentemente da forma de trabalho da sua equipe, colaboração do cliente é considerado um dos principais pontos para o sucesso de um projeto ou produto. Segundo o Chaos Report de 2016, é tão importante quanto apoio executivo, maturidade emocional e otimização. Utilização de técnicas de UX (Experiência do Usuário), aplicação de Customer Success e trazer o cliente próximo ao time durante todas as etapas de desenvolvimento são essenciais.
No último ponto, “Responder a mudanças mais que seguir do plano”, temos a maior utilidade de Scrum, XP e Scrumban. Também Ágil Escalado, como Safe, Less, Método Spotify ou qualquer outro a sua escolha. É inegável a eficiência dos modelos ágeis em responder a mudanças do cliente e do mercado.
Conclusão
Jorge Audy fala que devemos ter um “cinto de utilidades” para conseguirmos realmente seguir uma Gestão Ágil. Basicamente, precisamos ter ferramentas para que possamos tratar todos os princípios ágeis e fazer com que eles convivam em harmonia. Agilidade não é um processo pronto que você implanta. É um conjunto de práticas, comportamentos e ferramentas que, aplicados corretamente, mudam a cultura da sua empresa.
Artigo escrito por: Thiago Roque, Agile coach do Grupo de Transformação Ágil (GTA) da Softplan
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